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sexta-feira, 22 de março de 2013

DEZ NOTAS SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO



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Olhar de professor, Ponta Grossa, 12(2): 379-388, 2009.
Disponível em <http://www.uepg.br/olhardeprofessor>
DEZ NOTAS SOBRE ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
TEN NOTES ABOUT ALPHABETIZATION
AND LITERACY
Graziela Giusti PACHANE*
Resumo: O presente texto apresenta algumas reflexões
sobre processos de alfabetização e letramento que, num
país como o Brasil, com alto índice de analfabetismo,
são muitas vezes realizados em programas emergenciais,
quase sempre no âmbito da educação popular. Embora
trate de temas centrais nessa discussão, como conceito
de alfabetização, métodos de ensino, políticas educacionais,
seu foco é a necessidade de maior aproximação
entre os diferentes níveis educacionais, em especial a
pós-graduação e o período de aquisição da língua escrita,
ocorrido na infância ou em projetos de educação de
jovens e adultos. Entre outros aspectos, argumentamos
que a má qualidade da educação no país não se deve a
um setor exclusivamente (seja ele governo, professores,
família ou alunos) e que, portanto, a reversão dessa
situação deve se dar por um trabalho cooperativo entre
essas instâncias, incluída aí a universidade.
Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Ensino de
língua materna. Universidade. Educação Superior.
Abstract: This text presents thoughts on the process
of literacy and critical literacy, which in a country as
Brazil, presents high levels of illiteracy, and to minimize
the situation emergency education programs are created
Although themes such as the concept of literacy, teaching
methods, educational policies are discussed, the focus
of the text is to emphasize the need of approaching
* Doutora em Educação pela Unicamp. E-mail: gragiupa@gmail.com.
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different educational levels, especially post-graduation
and writing acquisition stage. It is necessary to consider
that literacy may occur during childhood or in programs
of youth and adult education. Among other points, the
study suggests that poor education in Brazil is not due
to one sector in particular (government, teachers, family
or students), therefore, the reversion of this situation
demands cooperative work among all sectors, including
the universities.
Keywords: Literacy. Critical Literacy. Mother tongue
teaching. University. Higher education.
O presente texto originou-se de uma fala durante um evento
acadêmico, quando se discutia a participação ou não do grupo de
professores da pós-graduação de uma determinada instituição de
ensino superior em atividades relativas a programas de educação de
jovens e adultos.
Os docentes presentes alegavam que a área de concentração
daquele programa de pós-graduação em educação, bem como sua vocação,
era distante da alfabetização, não tendo porque se integrarem
em mais uma atividade, dentre as inúmeras que realizavam.
Não sem resistência, o grupo terminou por aceitar, por meio da
participação de dois ou três de seus docentes, tomar parte no projeto
de educação de jovens e adultos.
Aquela situação, bem como o embate que se deu sobre a legitimidade
ou não de assumir-se, perante a CAPES, tal atividade,
levou-me a questionar a relação existente entre os primeiros passos
da aquisição da escrita – o que num país com alto índice de analfabetismo
ocorre muitas vezes em programas de educação popular
– e a pós-graduação, posto mais elevado a que se pode almejar na
“carreira” de estudante.
Embora nem todos os programas de pós-graduação em educação
estejam diretamente relacionados às discussões sobre alfabetização,
vejo que a pós-graduação, de maneira geral e especificamente a pósgraduação
em educação, tem sempre algo a refletir sobre o processo de
alfabetização. Afinal, se a pós-graduação pode ser considerada como
o ponto mais alto da carreira acadêmica de um indivíduo, ninguém
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chegaria lá (nem nós mesmos nem nossos alunos), se não tivesse passado
pelos primeiros momentos de aquisição da linguagem escrita.
Porém, não é somente por meio desse argumento, já muito
utilizado quando tentamos lutar por melhorias das condições de trabalho
dos professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental,
que podemos realizar uma ligação entre pós-graduação e alfabetização:
quantos orientadores não sofrem ao tomarem pela mão alunos que,
mesmo chegando ao topo da carreira acadêmica, não sabem ainda
interpretar um texto, trabalhar a intertexutalidade e a informatividade
e redigir com coesão e coerência? Quantos professores universitários
não se assustam com os erros gramaticais de alunos recém saídos do
ensino médio? Quanto sofremos, quando crianças, para superar o
“medo do papel em branco” na hora de realizar nossas composições
no ensino fundamental?
Seria, talvez, tentador criticar o trabalho da professora, lá atrás,
que só se utilizou da cartilha para nos alfabetizar, que nos colocou
medo quando devolvia nossas redações “antipedagogicamente” rabiscadas
em vermelho, que muitas vezes colocava na cabeça do aluno a
ideia de que ele não sabia português.
No entanto, seria o despreparo do professor a única dificuldade
para que o aluno aprendesse? Quantos somos nós, professores,
pós-graduandos, formadores de formadores, em relação ao número
de pessoas que foram bem sucedidas no processo de alfabetização,
porém não seguiram seus estudos? E em relação ao número de excluídos
num país com as características sócio-econômicas do Brasil?
É válido lembrar que segundo dados do Censo divulgado pela Folha
de S. Paulo, em 2006 o Brasil tinha 14,9 milhões de pessoas que
não sabiam ler e escrever, correspondendo ao nono maior índice de
analfabetismo da América Latina1.
Obviamente, o despreparo do professor não é o único fator. É
certo que muitos professores têm concepções equivocadas em relação
à escrita e à língua portuguesa, adquiridas até mesmo em sua própria
trajetória como alunos e decorrente de crenças que ficaram arraigadas
em nosso sistema educativo por décadas (séculos, talvez).
Todavia, como é de conhecimento geral, não podemos nos
desligar do contexto social mais amplo, no qual nossos alunos e
1 Uma reportagem a esse respeito, realizada pela Folha de São Paulo, pode ser encontrada em
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u332044.shtml>.
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professores se acham inseridos: alunos com fome não aprendem;
alunos que não veem perspectivas de que a educação possa lhes trazer
melhoria de vida, não aprendem; alunos acostumados ao ritmo dos
games eletrônicos não se concentram na aula...
Disso concluímos que se o estudo, se o aprender, não fizer
“sentido” para o aluno, ele certamente encontrará outras prioridades
(trabalhar para o sustento da família, divertir-se com os amigos...), ou
seja, se a educação não tiver um “significado” concreto para o aluno,
haverá sempre algo mais necessário ou mais divertido a se fazer.
Resolver o problema do analfabetismo, da educação, portanto,
não é apenas resolver um problema pedagógico: formar melhor o
professor e aprimorar as técnicas de ensino para que o aluno aprenda
mais e melhor. Nem é somente um problema a ser sanado com
medidas “sociais”, muitas delas paliativas, que contornam, precária
e muito superficialmente os problemas econômicos das classes menos
favorecidas. Menos ainda, é questão de “modernizar o ensino”,
transformando a sala de aula em um “parque de diversões”, de preferência
com geringonças eletrônicas, para que o aluno aprenda sem
fazer esforço e sinta prazer em cada atividade que realiza. Afinal de
contas, aprender, muitas vezes, é bem dolorido...
Melhorar a educação, num país com as características do
Brasil, requer um pouco de cada uma dessas coisas, num trabalho
conjunto, que envolva aspectos pedagógicos, sociais, tecnológicos – e
mesmo emocionais – de nossos alunos e professores. Requer, ainda,
o envolvimento de diversos grupos da sociedade para que possa ser
realizado.
Não adianta generalizar as causas da evasão e do analfabetismo,
dizendo que a culpa foi da professora, que não soube “cativar” seu
aluno; do pai que não deu a devida importância ao estudo do filho;
dos alunos que estão cada dia piores; ou do governo que não se interessa
pela educação e o bem-estar de seu povo. Também não adianta
imaginarmos que as ONGs, as escolas comunitárias, as empresas,
isoladamente, terão o poder mágico de resolver o déficit educacional
do Brasil. Temos que trabalhar juntos, de modo cooperativo, solidário
e não solitário.
Nesse percurso de busca de soluções, soluções urgentes e que
atendam a um contingente enorme de excluídos, são feitas propostas
que, no caminho de sua elaboração e execução, podem dar passos
certos e, outras vezes, errados.
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Cabe aí, também, o olhar crítico da Universidade, da academia:
não só o mercado de trabalho pode/deve impor seus critérios para
forjar melhorias na educação básica. Cabe à universidade, também,
num olhar prospectivo, lutar pelas melhorias na base.
Assim, tendo em vista esse contexto, e não com o olhar de especialista
em alfabetização ou políticas educacionais, é que apresento
alguns aspectos para observarmos, discutirmos, refletirmos sobre os
resultados e limites de programas que visam a reduzir o índice de analfabetismo
no Brasil e melhorar o desempenho de nossos estudantes na
leitura e na escrita. Tais aspectos nos permitem, também, abrir uma
discussão sobre o fosso que muitas vezes separa a educação superior
(em especial a pós-graduação) dos demais níveis educacionais, como
se o sucesso de uma não dependesse da eficiência da outra.
1)No aspecto pedagógico, é necessário, entre outros fatores,
que os programas voltados à “alfabetização” do aluno preocupem-se
não apenas com a aquisição da habilidade técnica de “decodificar
letras”. Ler/escrever é muito mais que isso. É necessário o trabalho
significativo com textos que façam sentido na realidade do aluno.
Se isso é válido e salientado na educação de crianças, na educação
de jovens e adultos devem ser tomados com muito mais força! (Aspecto
esse que imediatamente nos traz à lembrança Paulo Freire).
A perspectiva de compreender a aquisição da linguagem escrita a
partir, portanto, da concepção de letramento2, faz-se imprescindível.
É necessário ligar a aprendizagem do aluno a seu contexto, tornar
a aquisição útil no dia-a-dia do aprendiz, rever(ter) a maneira como
são concebidos os preconceitos linguísticos. Aqui cabe a formação,
a atualização, a preparação do professor, para que ele entenda por
que – e como – educar numa nova perspectiva.
2)Ligado a essa perspectiva, é necessário que tenhamos claro
o que entendemos por ser alfabetizado: durante muito tempo essa
concepção esteve presa à ideia de “conhecer as letras” ou de “saber
assinar o nome”; hoje, aproxima-se muito mais da ideia de ler/redigir
um texto simples (um bilhete ou uma receita de bolo, por exemplo).
Lembremo-nos do conceito de analfabetismo funcional. Não podemos,
2 Por letramento entende-se a idéia de que alfabetizar não é apenas ensinar os códigos da escrita,
relacionando os sons às letras, mas fazer com que o aluno compreenda o significado prático da
escrita. Assim, o letramento pode ser compreendido como a condição que adquire um indivíduo
como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais, permitindo-lhe participar
significativamente de uma cultura letrada, possibilitando novas formas de inserção cultural.
(MATÊNCIO, 1994; LEITE, 2001).
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neste aspecto, deixar de nos questionarmos sobre quando termina o
processo de alfabetização – ou de letramento: quando o aluno aprende
a soletrar (conhecer as letras); quando aprende a montar palavras;
quando começa a ler/redigir pequenas frases; quando já consegue
sozinho ler placas, tomar seu ônibus, entender a conta de luz e o
extrato do banco, ou quando consegue interpretar um poema, compreender
um contrato, entender o editorial de um jornal e elaborar
um texto argumentativo (por exemplo uma carta à prefeitura pedindo
providências sobre um aterro)?
3)Na contracorrente do preconceito linguístico, é importante
“respeitar” a variante linguística de nosso aluno, mas não podemos
ficar só nisso. Temos, também, que deixar de compreender o analfabetismo
como “doença”, um mal a ser combatido – como muitas
vezes nos é inculcado – e consequentemente, olhar para o analfabeto
como alguém que precisa ser salvo. Muito temos ouvido dizer que
o alto índice de desemprego se deve à baixa “empregabilidade” dos
indivíduos. Muitos afirmam, com veemência, que a educação poderá
ser a redentora de todos os males da sociedade, como se, ao terem
maior escolaridade (muitas vezes, sem formação, sem educação que
a acompanhe), as pessoas ficassem imunes, por exemplo, ao desemprego.
Contudo, não podemos deixar de considerar os benefícios que
a aquisição da escrita pode trazer aos indivíduos.
4)Em primeiro lugar, inquestionavelmente, a oportunidade de
aprender a ler e escrever causa um impacto na auto-estima do estudante.
A sensação de autonomia e de não ser mais “marginalizado”
numa sociedade letrada como a nossa (em que conhecer apenas um
idioma já está sendo considerado “analfabetismo”), parece ser um dos
“produtos” – se assim o podemos chamar – mais significativos dos
programas de alfabetização3. Coisas que para nós podem ser simples
e corriqueiras, como entender o modo de usar algum aparelho ou
mesmo copiar aquelas pequenas receitas que vêm nas embalagens de
diversos produtos, ler a manchete do jornal em letras bem grandes,
escolher um cartão de Natal, ir ao cinema e entender o último filme
“da moda” (com legenda em português), trazem grande sensação de
3 Como exemplo, podemos citar um trecho do poema escrito por um alfabetizando do programa
“Alfabetização Solidária”, transcrito por Joveliana Amado da Silveira em sua dissertação de mestrado
(Unitri, 2000): “(...) já sei escrever o meu nome.../ sou livre e independente, / já mudou a
minha estória / pois é a melhor escola / que já surgiu na minha frente / uma escola confortável,
/ de grandes realidades, / de amor e de emoção (...)”. (Texto produzido por José e Lucia Manaia
de Souza, Ceará, 29-08-00).
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bem-estar, de realização, podemos mesmo dizer de felicidade. É a
perspectiva afetiva da educação.
5)No aspecto social, as vantagens são também bastante importantes.
Talvez, as mais salientadas em todas as propagandas, em todos
os resultados de avaliação de programas dessa natureza e concentramse,
em especial, numa palavra que muitos utilizam, porém que poucos
compreendem com clareza: cidadania. E, nesse ponto, a perspectiva
de alfabetizar letrando é fundamental: ao aprender a interpretar, a
criticar, a se posicionar, o indivíduo tem abertas possibilidades de
compreender melhor a sociedade em que vive e nela intervir.
6)Porém, em todos os aspectos até aqui tratados, não podemos
deixar de fazer um parêntese para lembrar daqueles que, uma vez
mais, ficam pelo caminho: como se sentem enquanto alunos, cidadãos
e pessoas? O que aconteceu a eles? O que acontecerá?
7)Até aqui abordamos apenas um lado do processo: os “alunos”.
E quanto aos professores? O que podem aprender, partilhar,
crescer nessa oportunidade de troca? O mesmo se pode dizer sobre
coordenadores e demais envolvidos nos projetos. Num processo educativo
de verdade, trocam-se saberes, experiências: o aluno desvenda
com o professor os mistérios da escrita e o professor desvenda com o
aluno sua cultura, seus saberes, seu modo de compreender o mundo.
Com o aluno o professor muitas vezes reflete sobre sua própria língua:
por que em português dizemos muito obrigado/a e nunca obrigados/
as? Por que existe mesóclise? Por que todas as proparoxítonas são
acentuadas? Dizer “obrigada eu”, está certo? É verdade que saber
de cor é saber de coração? Se parte da população entende o termo
“entuchicado’ (referindo-se a passar mal por ingestão ou mistura
excessiva de alimentos), diferente de intoxicado (contaminado por
veneno), uma nova palavra não teria sido criada? Se podemos deletar
e compramos no shopping center, se incorporamos palavras como
abajur, sutiã, software e mesmo futebol, por que não incorporar uma
palavra de uso popular? Para tanto, os profissionais que atuam em
programas de alfabetização e em EJA, e com o ensino do idioma de
modo geral, precisam estar abertos e preparados.
8)E quem forma os formadores? Voltamos aqui à Universidade,
espaço de reflexão, de pesquisa, de busca de novos conhecimentos e
novos meios. A universidade não pode ficar distanciada da sociedade
(muitas vezes, é a sociedade que a financia!). A universidade não pode,
também, ficar distante dos outros níveis educacionais: embora méto386
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dos e objetivos possam ser diferenciados, a educação básica alimenta
a universidade, e esta volta a alimentar a educação, formando seus
professores, diretores, secretários, ministros... Em momento algum
podem se distanciar. E não é necessário forçar a aproximação: ela
existe por princípio.
9)Anteriormente, mencionamos a urgência de que programas
emergenciais, da natureza do Alfabetização Solidária ou do Brasil
Alfabetizado sejam realizados. Como fomos observando até aqui,
percebemos que, por um lado há necessidade de trabalho conjunto,
que integre os diversos degraus educacionais e diversas esferas
da sociedade. Na urgência de dar respostas, programas nacionais,
iniciativas individuais de empresas e ONGs, ou mesmo entidades
religiosas, são de extrema importância: o trabalho de beija-flor apagando
o incêndio é necessário e bem-vindo. Porém, tais iniciativas,
em geral, realizam-se por curto período de tempo, são localizadas,
podem ser realizadas de modo equivocado e correm o risco de sofrer
cortes advindos do vai-e-vem da troca de governos na administração
pública. É necessário, portanto, que programas dessa natureza
sejam tomados de modo sistemático e que não padeçam do mal da
descontinuidade. Se não deu certo da primeira vez, vamos corrigir os
pontos problemáticos, em vez de jogar tudo fora e começar de novo.
Tais programas emergenciais são (e revelam isso) apenas a ponta
de um iceberg, mas sabemos que sem uma base muito ampla e bem
estruturada, qualquer iceberg corre o risco de afundar e se diluir no
mar, sem deixar vestígios.
10)Para que os programas voltados à alfabetização e ao letramento,
emergenciais ou não, sejam, de fato, eficazes, é preciso que
passem por constantes avaliações, seja pelos resultados mostrados
pelos alunos, seja pelos professores que avaliam sua prática, seja
pela sociedade no qual se inserem. Nesse aspecto, é possível que a
perspectiva hoje muito difundida de “professor reflexivo”, a compreensão
acurada de como se realiza e se analisa um processo de
avaliação (institucional ou não), o estudo de como se dá o processo
de aprendizagem do aluno adulto ou de como se aplicam os princípios
da pesquisa-ação ou participante possam oferecer preciosas
contribuições para o aprimoramento da prática e da teoria de uma
temática tão relevante dentro da educação brasileira.
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Graziela Giusti PACHANE
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Enviado em: 10/09
Aceito em: 12/09

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